Um dia
me disseram que a lua cheia parecia um queijo.
Bem, em
Minas, isso pode até ser verdade! Por que não seria?
Ao
olharmos para a Lua não somos convidados a imaginar?
Imaginemos!
Não
teriam os primeiros mineiros fazedores de queijo se inspirado na lua?
Não teriam
eles admirado tanto a beleza nua da lua ao ponto de sentirem um desejo
incontrolável de tê-la?
E ao
desejarem-na empenharam-se para recriar a bela imagem, de forma que pudessem
degustar algo que os remetesse ao céu.
Algo
que não fosse apenas imagem, mas fizesse lamber os dedos.
Que
tivesse uma textura intrigante. Que de súbito marcasse a lembrança do
aventureiro e o fizesse voltar à infância.
Quem
sabe um tipo de gostosura transformada que fosse capaz de fazer correr na alma
o suspiro de uma noite enluarada.
Uma
noite com cheiro de roça, dedo de prosa e café!
Que
bela visão! Que delícia de invenção!
É por
isso que em Minas a lua nunca é só uma lua.
Ela
nunca está só!
Ela é lua
enamorada, companheira estradeira, canção e jornada.
É
lembrança festeira correndo a ladeira nas Minas do coração.
Em cada
canto e recanto é poesia cantada,
Cantarolada,
cheia de amor e moda de viola.
Porque
em Minas a lua também se veste de queijo!
De dia
ou de noite ela dança Catira na mesa caipira.
Por
isso que em Minas o queijo também não é só queijo!
Ele
nunca está só.
Queijo
é beijo branco! É abraço de broa de milho. É café quentinho e cheiro de lenha
queimada.
Queijo
é mesa farta e cheia de gente.
É gente
amiga do queijo, amiga da gente.
É gente
doce que gosta de doce e pão de queijo.
Minas é
terra de gente que não vive sem lua,
Que faz
festa na rua e manda beijo com um pedaço de queijo.
Aqui em
Minas o queijo se veste de lua.
Seja em
casa ou na rua, queijo brinca de lua cheia, vira prosa no quarto minguante no
risco de uma goiabada ou num tasco de doce de leite.
Minas é
terra de gente que não vive sem queijo, sem abraço, sem beijo, sem lua.
Um dia
me disseram que a lua cheia parecia um queijo.
Eu acho
que o queijo é feito de raspa de lua!
Ai que
vontade de comer um queijo nos braços de um belo beijo iluminado da lua!
Bhz, 20 de novembro de 2013
Marcelo de O. Paschoal